Marx, o predecessor, referência e expoente máximo do pensamento comunista, julgou que assim que a revolução se desenvolvesse, o proletariado eventualmente perceberia que tudo que teria a perder seriam apenas as correntes da opressão que os mantinha agrilhoados e que, inevitavelmente se iriam erguer, derrotar o sistema burguês instaurado e implementar uma nova ordem económica. Volvidos 102 anos da revolução de Outubro e após as revoluções comunistas seguintes no decorrer do sec. XX, porque é que tal não se verificou?
Para responder a esta pergunta podemos voltar-nos para outro pensador marxista: António Gramsci; que explica que o controlo político é ditado quase sempre pelo controlo cultural.

Na sua obra o pensador comunista italiano, debruça-se sobre as noções de controlo político e questiona: – Quando há um grupo social dominante dentro de uma sociedade, como é que esse grupo chegou a essa posição inicialmente e assim que atinge essa posição, como é que a mantêm?” Para responder a isto, Gramsci reitera e redefine o conceito de “Hegemonia Cultural” (conceito já brevemente explicado no artigo “Será que pensas pela própria cabeça”). Para Gramsci, a evolução da noção de hegemonia deveria transitar em conformidade com a vivência dos tempos e num mundo em que o controlo político é cada vez menos adquirido através do uso coercivo da força, este conceito deveria, por sua vez, ser entendido através da manipulação dos parâmetros culturais, nos quais os cidadãos tem que deambular.
Enquanto sujeitos, estamos todos inseridos numa cultura específica, sendo esta composta por um aglomerado de normas, regras, tradições, estruturas, taboos, rituais, valores etc.; Por sua vez, este aglomerado que compõe uma sociedade não são coisas abstractas, mas específicas. Gramsci pretendeu abalar estas noções culturais, questionando para isso quem as terá criado e de onde é que estas viriam;
– O que é que poderia ser explicado pela cultura e o que poderia ser explicado pela natureza?
Especificamente : – O que é construção social e o que é seleção natural? Para Gramsci quem controla a narrativa controla a população, na medida em que convence o cidadão comum com relativa facilidade, de que as normas correntes existem porque as coisas são simplesmente tal como é-las se apresentam na sociedade, sem grande controvérsia, resistência ou questionamento. As culturas sociais dominantes têm por isso, a capacidade de ditar as normas culturais e sociais, o que pode ser e é frequentemente pensado e veiculado. Para Gramsci este é o motivo principal pelo qual a profecia de Marx não se verificou, uma vez que esta estava voltada para uma visão materialista / económica da sociedade e não para uma perspetiva cultural.
O objetivo por detrás da ideia de hegemonia cultural, além de ascender ao poder é perpetuar-se no mesmo, sendo a forma mais eficiente de o fazer através do controlo dos sistemas de valores das massas. Se a pessoa comum é o recetáculo dos sistemas de valores imbuídos na sociedade, os produtores seriam as vozes influentes dentro desta, para Gramsci os intelectuais.
Facilmente podemos extrapolar para o mundo contemporâneo ocidental e confirmar a existência de uma hegemonia cultural em várias esferas da sociedade; onde a maioria dos académicos se identificam como sendo politicamente de esquerda, as celebridades (atores, cantores, humoristas) exercem a sua influência cultural (definindo-se assumidamente ou não como atores políticos) em conformidade com a agenda panfletária e demais manifestações liberais progressistas e no desporto onde vários atletas, das mais diversas modalidades, que identificando-se ou não como figuras políticas, abarcam e veiculam, sem grande questionamento, ativismos progressistas identitários facilmente conotados com a inclinação e a narrativa política dominante.

De acordo com Gramsci, há uma distinção entre dois tipos de intelectuais: os intelectuais dominantes e os orgânicos.

Os intelectuais dominantes serão os que definem as normas vigentes na sociedade; são aqueles cuja opinião e influencia na sociedade reforça o status quo; são os que escrevem e publicam artigos, fazem a análise e comentário político, que realizam os estudos etc., em suma que controlam a educação e exercem influência nas gerações vigentes e vindouras; – não obstante a sua própria categorização enquanto intelectuais, hipoteticamente ter-lhes sido atribuída somente pelo facto do seu conjunto de ideias corresponder à conformidade das ideias da ordem social estabelecida. Independentemente da definição de “intelectual” previamente mencionada, segundo Gramsci, todos exercem o papel de intelectual, independentemente da sua função na sociedade: 

 


“Quando se distingue entre intelectuais e não-intelectuais, faz-se referência […] tão-somente à imediata função social da categoria profissional dos intelectuais, isto é, leva-se em conta a direção sobre a qual incide o peso maior da atividade profissional específica, se na elaboração intelectual ou se no esforço muscular-nervoso. Isso significa que, […] é impossível falar de não-intelectuais, porque não existem não intelectuais. […] Não existe atividade humana da qual se possa excluir toda intervenção intelectual, não se pode separar o homo faber do homo sapiens”. (Gramsci, 2000a, p. 52-53).

Atendendo a insuficiente curiosidade intelectual, decrescentes hábitos de leitura em boa parte da população ocidental, será difícil de crer que o diagnóstico simplificadamente dualista em boa parte da sociedade, acerca da arena política, das injustiças sociais no mundo etc. tenham sido intelectualmente depreendidas por uma análise crítica da sociedade ou uma leitura interessada de pensadores neo-marxistas. Por sua vez, a crescente influência da cultura pop, demais influencers das redes sociais, actores, comediantes e figuras do desporto fez com que tenha havido uma inversão daquilo que são hoje os verdadeiros influenciadores culturais. Atendendo a respetiva influência de tais figuras na propagação social das metanarrativas vigentes, de acordo com Gramsci, poderíamos até considerar estes intervenientes como “intelectuais”, mesmo que não exerçam tal função: 

“[…] todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais” (Gramsci, 2000a, p. 18).52-53)

Tais intervenientes exercem assim a sua influência de cima (as figuras influentes) para baixo (o cidadão comum), independente da existência de conhecimento de causa ou de substanciação da narrativa em questão. Relativamente a este exercício de influência por parte dos influencers culturais na área do desporto, convém primeiro definir o que é o desporto e a sua finalidade. O desporto é: além de uma indústria multibilionária geradora de grandes receitas, uma actividade altamente competitiva, capaz de unir diferentes culturas e credos debaixo da mesma bandeira, uma atividade que (exceptuando determinadas modalidades) é interclassista (entre adeptos, praticantes e atletas) e que é um excelente exemplo de elevador social e da meritocracia em acção.
Regra geral, os adeptos de uma qualquer modalidade usufruem do desporto como escape à rotina, às suas preocupações e desgraças arbitrárias do quotidiano com que são constantemente bombardeados; onde podem descomprimir e ver uma atividade competitiva num fervilhar de emoções, que agrega todos, onde há espaço para a diversidade que aparece com naturalidade e sem imposições demagógicas; onde existe uma conjugação de forças diferentes em harmonia, que trabalham em prol de um objetivo comum definido colectivamente; Onde a diversidade é algo que é aceite por todos sem reservas, onde no colectivo inserido na equipa, não há espaço para discriminações tribais e onde o elevador social cuja alavanca é a meritocracia não é apenas miragem, não faltam disto exemplos. Quem se entrega mais à equipa, quem mais trabalha, quem mais se destaca, quem mais acrescenta ao coletivo é quem mais merece jogar e consequentemente é recompensado por isso internamente (posição de influência na equipa) e externamente (aos olhos do público). Sempre foi este o conjunto de traços definidores por detrás de qualquer modalidade de desporto, que mobilizou as massas e que criou figuras intemporais e icónicas como: Pelé, Eusébio, Garrincha, Tiger Woods, Michael Jordan, etc. Assim, é com estranheza que atualmente se assiste a uma desvirtuação e transmutação daquilo que sempre foi o ethos do desporto para uma imposição constante da politização deste.

Não obstante, certas tomadas de posição políticas / activistas no passado, serem generalizadamente respeitadas e aceites como correctas, como por exemplo – Mohamed Ali na sua recusa de participação na Guerra do Vietnam –  por se principiar naquilo que era uma questão de objeção de consciência e por ter sido uma guerra que muitos agora veem como desnecessária. Por sua vez, uma tomada de posição apolítica como a que Michael Jordan adoptou na sua carreira deveriam igualmente ser respeitadas, posição esta que foi evidenciada na série documental da Netflix – “The Last Dance” – sobre Michael Jordan e os Chicago Bulls na sua época dourada dos anos 90. Não obstante esta postura de Michael Jordan ter sido considerada por muitos como interesseira e egoísta,  se avaliarmos as suas próprias palavras perante tal posicionamento “neutro”, porque não se pode considerar igualmente admirável tal postura? 

“I do commend Muhammad Ali for standing up for what he believed in, but I never thought of myself as an activist. I thought of myself as a basketball player.
I wasn’t a politician when I was playing my sport. I was focused on my craft, was that selfish? Probably. But that was my energy. That’s where my energy was.
It’s never going to be enough for everybody, and I know that. Because everybody has a preconceived idea for what I should do and what I shouldn’t do. The way I go about my life is I set examples. If it inspires you? Great, I will continue to do that. If it doesn’t? Then maybe I’m not the person you should be following.”

Sucintamente, a subida a pulso , ética de trabalho e consequente transformação num ícone incontornável do desporto pode e deve ser um exemplo que fale por si só. Adicionalmente, nem todas as figuras mediáticas terão necessariamente de assumir publicamente uma tomada de posição política ou activista, para poderem ser admiradas, respeitadas e tidas como um exemplo, muito menos quando se tratam de assuntos que quando abordados de forma inconveniente ou precipitada polarizam a sociedade ou caso sejam assuntos complexos para os quais nunca há respostas fáceis; nestas situações, o recato e a humildade por vezes poderá revelar-se a posição mais acertada a tomar ou até a mais admirável. Recentemente, o treinador do Liverpool, Jurgen Kloop, quando questionado pelos jornalistas acerca do que pensava da situação pandémica que se vive decidiu deixar a questão em aberto para os especialistas e tomar uma posição de modéstia, sem opinar, afirmando que iria cingir-se aquilo em que é especializado : o futebol.

Por oposição, aquando do caso de George Floyd, o treinador do Manchester City, Pep Guardiola, quando questionado sobre o que pensava do mesmo, sem hesitação respondeu de forma inadvertidamente generalizadora, acabando por tomar uma posição fácil para um caso demasiado mediatizado. Na sua resposta, não hesitou em atribuir a este caso um alegado complexo de culpa racial universal e histórico, do qual todos os caucasianos do mundo, segundo ele, deveriam pedir desculpa, numa espécie de acto de contrição “sentido” através do qual expiariam os seus “pecados históricos”. Guardiola decidiu assim ir pelo caminho mais fácil e dar uma resposta simplória para ficar bem na fotografia. Qualquer adepto atento e incomodado com a constante politização e activismo do desporto e do futebol em particular, questionaria a sinceridade na resposta de Guardiola; se este acha mesmo que, enquanto indivíduo caucasiano deveria pedir desculpa aos seus jogadores, staff, amigos e conhecidos negros, por algo que não fez, não tem controlo, não se revê ou não tem qualquer culpa ou se tal declaração, não terá sido meramente uma gestão de “relações públicas” para o livrar a priori de uma hipotética “polémica”, por uma eventual declaração sua, caso esta fosse contrária à ortodoxia dos ativismos “anti racistas”, cada vez mais dominantes no desporto, pudesse persegui-lo e prejudicar a sua  carreira com a criação de polémicas mediaticamente exacerbadas, tal como pode testemunhar com o seu jogador Bernardo Silva

Se a definição de racismo é a inferiorização e generalização de um grupo de pessoas ou indivíduo tendo como critério factores individuais intrínsecos, imutáveis e arbitrários, então considerando o princípio da igualdade da dignidade humana, não se poderá assumir que a consideração de indivíduos caucasianos como historicamente e intrinsecamente racistas, privilegiados e pouco compassivos tendo por base a generalização, não constituirá uma avaliação racista e portanto contrária à alegada causa “anti racista” pela qual os demais activistas e personalidades públicas alegam lutar?!
Se perante tal declaração e postura, quisermos adoptar uma posição antropologicamente optimista e dar o benefício da dúvida, o princípio da Navalha de Hanlon poderá revelar-se particularmente útil: “Never atribute to malice what can be explain by stupidity” ; Ou seja, se tal linha de pensamento não for considerada racista, tal como qualquer simplificação categórica, será pelo menos preguiça mental e na pior das hipóteses desonestidade intelectual ou dissonância cognitiva. 
Desde a ocorrência do caso de George Floyd, os jogadores da premier league adoptaram o gesto simbólico de se ajoelhar antes de cada jogo num acto de solidariedade com o movimento Black Lives Matter

O que muitos dos jogadores e adeptos que sem hesitação apoiaram o movimento BLM eventualmente não saberão, é que este adopta a mesma retórica, postura e agenda política evidenciada na resposta de Guardiola. Uma pequena pesquisa, além do slogan –“Black Lives Matter”- cuja asserção é uma verdade a la palisse, seria bastante elucidativa acerca da carga ideológica deste movimento e confirmatório da visão polarizadora e dualista acerca do complexo de “culpa de classe”, espelhado na resposta do treinador do City perante a problemática do racismo; já que o movimento existe desde 2012 e as suas fundadoras afirmam-se sem qualquer pudor ideológico como marxistas treinadas.

Agora, às claras a carga política e ideológica do movimento, respetivo divisionismo que lhe é inerente e eventuais consequências nefastas relativamente às audiências da Premiership, os distintivos “BLM” foram trocados por “No Room for racism”.

O gesto simbólico continuar a ter lugar até hoje, não só na Premier League, mas também nas ligas inferiores apesar do mediatismo bastante inferior. Em dezembro, num jogo para a 
2ª divisão do Milwall vs. Derby County ouviu-se em uníssono os poucos adeptos presentes a vaiar imediatamente este gesto assim que começou.

 A comunicação social e respetivos activistas não hesitaram em catalogar os adeptos em questão como uma horda de racistas; sem levantar um debate ponderado acerca do que poderá ter levado a uma reação tão primária e demonstrativa de desagrado perante um gesto simbólico. Não houve tempo para questionamento, sobre se o sucedido não poderia antes ser o caso de se tratarem de adeptos que estão saturados de não usufruir do seu desporto e clube favorito sem a politização e activismo do futebol com gestos inconsequentes e que duravam há sete meses; Se são adeptos que apenas não concordam com um activismo cujos gestos estão associados a uma organização/movimento político com uma carga ideológica negativa, cuja narrativa se alimenta da demonização do mundo ocidental e generalização da maioria dos cidadãos comuns que não pertençam às minorias.

Majid Nawaz, cidadão britânico de ascendência paquistanesa, ativista de direitos humanos e radio host ofereceu um visão alternativa perante o episódio sucedido, quer no seu programa de radio quer na sua conta de tweet.

Numa sociedade em que os intelectuais dominantes definem a narrativa e exercem influência na sociedade, com a ortodoxia de pensamento veiculada ad nauseum,  como é possível existir uma verdadeira análise crítica dos problemas sociais, que seja fruto de um conjunto de ideias heterodoxas devidamente refletidas?
Contrariamente aos marxistas ortodoxos, Gramsci acreditava que antes que a revolução pudesse de facto acontecer, seria necessário derrotar a hegemonia cultural vigente e substitui-la pela contra cultura. Para atingir a hegemonia cultural, segundo Gramsci seriam precisas três coisas: os intelectuais inseridos dentro de uma sociedade, a educação dentro dessa sociedade e a filosofia que conduz as pessoas à acção política. O objectivo de alguém que quisesse trazer uma mudança social seria arranjar alternativas nestas três áreas e consequentemente criar uma contra cultura, um conjunto de normas culturais alternativas e desafiar o status quo, através daquilo que Gramsci denominou por “intelectuais orgânicos”, cujo meios de subversão cultural seriam: a adopção de uma postura céptica perante a ordem social existente, providenciar um meio educacional alternativo que permitisse reforçar essa contra cultura e consequentemente incutir no cidadão comum uma sede de ação política. Gramsci pretendeu distanciar-se do materialismo histórico no qual os marxistas ortodoxos se debruçaram e voltar-se para a parte histórica no que à cultura diz respeito. Verificando à nossa volta as narrativas oficiais das demais figuras públicas acerca das origens dos males existentes, respetivas desigualdades sociais e injustiças arbitrárias, com relativa facilidade verifica-se a mesma narrativa, a mesma generalização, os mesmos slogans primários, o mesmo status quo, pelas figuras do costume que usufruem de espaço de antena na esfera pública, que fazem diagnósticos idênticos entre si, que sem qualquer hesitação adoptam uma visão polarizadora das sociedades ocidentais, cuja base para tal conclusão é muitas das vezes uma análise unidimensional acerca da origem das desigualdades; que atribuem de forma simplista todo e qualquer caso trágico, mesmo que isolado, à noção de “racismo institucionalizado”, ao historial de colonialismo, ao sexismo sub-consciente dos indivíduos do sexo masculino, à “masculinidade tóxica” e demais slogans que, independentemente da devida substanciação ou escrutinío, demonstrem a sua bandeira e o seus “sinais de “virtude social” irrefletidos que se traduzem em boa verdade numa transmutação contemporânea da luta de classes.

Através da visão céptica sugerida por Gramsci aos “intelectuais orgânicos”, o filósofo italiano providenciou uma ferramenta essencial para a subversão cultural vigente: uma revolução que deverá iniciar-se individualmente e alastrar-se para o cidadão comum contra a ortodoxia em vigor, para criação de uma contracultura, que deverá emergir no espaço público. A avaliar pelo que é agora a cultura vigente no mundo ocidental, que se traduz na narrativa oficial, anteriormente descrita: na toxicidade de certos debates, na cerca sanitária à volta de alguns assuntos, na assunção de certos diagnósticos para determinados problemas como verdades insofismáveis, na “cancel culture” cada vez mais comum, na crescente ortodoxia no mundo académico, seria tempo de não ser só a família política da esquerda identitária a aprender com Gramsci e a mobilizar-se na concretização da sua ideia de hegemonia cultural. Isto claro, se a hegemonia cultural vigente não se tiver consolidado a tal ponto, que ainda seja possível um número considerável de pessoas adoptarem um cepticismo saudável perante as narrativas oficiais e a cultura dominante e criar uma contracultura eficaz; porque tal como Orwell disse em 1984:

“Orthodoxy means not thinking – not needing to think. Orthodoxy is uncousciousness”

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